Decorre este fim de semana a 7ªedição do Ervas & Companhia que se realiza na Orada, concelho de Borba, e que tem como objetivo abordar a temática das plantas medicinais e aromáticas.
Na tarde deste sábado, realizou-se, entre outras iniciativa, a apresentação do Guia de Colheita Sustentável de Plantas Aromáticas e Medicinais Silvestres.
A Rádio Campanário esteve presente e falou com a Professora Orlanda Póvoa, da Escola Superior Agrária de Elvas, que começou por referir que “este guia foi elaborado no âmbito do projeto Cooperar para Crescer no Setor das Plantas Aromáticas e Medicinais,” acrescentando que “é um projeto internacional onde faz parte a Extremadura Espanhola, o Centro português e o Alentejo.”
A professora explicou que “a ADC Moura é a líder deste projeto, que foi iniciado num antigo projeto de formação para pessoas interessadas em começar a trabalhar e empreender no mundo das plantas aromáticas e medicinais, entretanto pensamos que este embrião de ideia precisava de ser vertido para um formato impresso e aproveitamos este projeto para o realizar.”
Orlanda Póvoa referiu que “o guia tem várias partes”, destacando que “a primeira fala um bocadinho daquilo que é sustentabilidade dos recursos silvestres,” tendo sido feito “um levantamento das plantas aromáticas e medicinais de colheitas Silvestre no Alentejo sobretudo, com levantamento nos mercados de Estremoz, de Portalegre e de Elvas.”
“Este levantamento permitiu-nos recolher cerca de 50 espécies que serão colhidas e vendidas de colheitas Silvestre”, referiu a professora.
“No segundo capítulo, temos os principais requisitos para a colheita sustentável das espécies, considerando legislação que existe de requisitos de colheita sustentável.” A professora explicou que um dos “requisitos é antes de pensarmos em colher na natureza, pensarmos em adaptar as espécies que existem na natureza ao cultivo, porque ao cultivar as plantas garantimos qualidade e garante-nos quantidade.”
Orlanda Póvoa deixou ainda um alerta para plantas que estão a desaparecer por interferência do ser humano. “É muito importante que as pessoas reaprendam muitas das técnicas de coleta sustentável destas as plantas, porque há evidências de que estas plantas estão a desaparecer. Por exemplo, os orégãos estão cada vez menos disponíveis na natureza.”
Este desaparecimento deve-se ao facto de uma má “gestão dos habitats ou seja, nós abusamos do uso de herbicidas,” acrescentando que “neste momento temos um problema severo que é o abuso da mecanização e também o excesso de pastoreio”
Em conclusão a professora referiu que “este guia tem como grande objetivo contribuir para a formação dos apanhadores de campo, e também para aqueles que não são profissionais, para chamar a atenção de algumas das regras, inclusivamente, de saúde pública.” Isto “porque há muitas plantas que podem ser tóxicas ou que podem ser muito parecidas e que não têm os mesmos utilizações fitoterapia e, portanto, é um alerta”.