O Cendrev- Centro Dramático de Évora, é uma das companhias de teatro que, embora tenha tido a sua candidatura elegível no último concurso de apoio às artes, não beneficiou do respectivo apoio, porque o dinheiro disponível só permitiu financiar parte dos projectos apresentados.
Segundo nota enviada à RC, “confrontados com esta situação, a nosso ver profundamente injusta, reclamámos junto de várias entidades com responsabilidades políticas e do senhor Primeiro Ministro, enquanto principal responsável pela orientação das políticas públicas e reclamámos também em ações públicas organizadas pelo sector das artes”.
A 14 de janeiro o Cendrev foi recebido pela Ministra da Cultura, Graça Fonseca, onde “tivemos oportunidade de colocar, aprofundadamente, as razões porque pensamos que o projecto do Cendrev, continua a ter um papel importante na ação cultural que se desenvolve na cidade e na região. No final da reunião, foi-nos transmitido que em Fevereiro a Senhora Ministra anunciaria as suas decisões. Essas decisões ainda não foram anunciadas até hoje”.
Segundo a nota, “na avaliação que fizemos dessa reunião, concluímos que havia disponibilidade para encontrar uma solução para o financiamento das estruturas que garantem uma “porta aberta”, que configuram um projecto estruturante no plano nacional. Foi-nos até solicitado um memorando com as principais actividades do Cendrev, o que naturalmente fizemos de imediato. No princípio de Março, solicitámos à DGArtes indicação relativamente à situação do Cendrev e foi-nos comunicado, via telefone, que seriamos convocados no final do mês para discutir e assinar um protocolo entre a DGArtes e o Cendrev, protocolo que definiria os termos do apoio ao nosso trabalho em 2020 e previa igualmente a sua renovação para 2021″.
No entanto, com a pandemia COVID-19, muitas atividades foram encerradas devido ao confinamento a que o país estava obrigado.
Após este período, o Cendrev voltou a contactar “a DGArtes, no sentido de perceber se poderíamos retomar o processo de discussão e assinatura do protocolo, a fim de regularizar a situação do Cendrev em 2020 e 2021. Para nossa surpresa, foi-nos comunicado que a questão dependia, de novo, de decisão da senhora Ministra da Cultura. Ficámos verdadeiramente incrédulos com o que estava a acontecer com o Cendrev, não é aceitável deixar em suspenso durante tanto tempo uma companhia que ao longo de 45 anos cumpriu com rigor as suas obrigações de serviço público. Voltámos ao contacto com a Senhora Ministra no dia 26 de Maio e no dia 30 de Junho, para transmitir a nossa profunda indignação com todo este processo que afeta profundamente os trabalhadores e fere a dignidade deste projecto artístico profissional que foi pioneiro da descentralização cultural no país e soube construir marcas assinaláveis na realidade cultural da cidade e da região. Empurram-nos, ao longo da última década, para uma crescente precariedade, para uma situação que, como se está a ver, já não terá retorno.
Já não temos mais tempo para esperar por uma decisão que não querem tomar. O Cendrev não pode cumprir as suas obrigações e consequentemente perspetivar o que quer que seja. Os trabalhadores da companhia são obrigados a recorrer ao subsídio de desemprego para garantir a sua subsistência”.