Dez dos 28 trabalhadores imigrantes que foram realojados na Pousada da Juventude de Almograve, no concelho de Odemira, aguardavam esta tarde no exterior para se reunirem com a Segurança Social e mostraram-se ansiosos para voltar ao trabalho.
A agência Lusa encontrou o grupo de imigrantes no exterior do complexo, para onde foram transferidos esta madrugada, num ambiente calmo na esperança que os técnicos da Segurança Social respondam a algumas das suas dúvidas.
Ao serem abordados, não recuaram, mas apontaram na direção de um dos jovens que se encontrava sentado à porta da residência temporária: “Ele fala”, disseram, por detrás das máscaras.
“Estava, em São Teotónio, numa boa casa e com transporte para ir trabalhar. Aqui não sabemos e queremos que a Segurança Social nos diga se há transporte porque é melhor para ir trabalhar. Se não houver vou arranjar uma nova casa para ir trabalhar”, explica Singh Gurwindier, há 13 anos em Portugal.
A maior parte dos trabalhadores que foram realojados na Pousada da Juventude, mesmo na entrada da pacata aldeia de Almograve, não fala português, por isso é Singh, de nacionalidade indiana, que conta “a aventura” que viveram durante a madrugada.
“Perto da meia-noite chegaram a São Teotónio e pediram para arrumar a casa, guardar o material para vestir e para comer e chegamos aqui quase às três horas da manhã”, conta com um ar cansado.
Durante toda a semana, “estivemos a trabalhar, mas agora com esta situação não nos dizem se temos transporte para continuar o nosso trabalho”, prossegue.
“Ontem e anteontem toda a gente teve de fazer teste e todos negativos”, sorri o jovem trabalhador migrante que espera regressar ao trabalho “já amanhã” porque “sem trabalhar não ganha nada”.
Sobre a cerca sanitária nas freguesias de São Teotónio e Longueira-Almograve e os relatos de tráfico de seres humanos, sobrelotação de pessoas e de violação dos direitos humanos, Singh Gurwindier espera que sirva para que “algo mude”.
“Quero continuar em Portugal, porque aqui é melhor”, conclui.
Na conferência de imprensa, que se realizou hoje, nos Paços do Concelho, em Odemira, o responsável da Proteção Civil disse aos jornalistas que “o transporte dos trabalhadores para os campos agrícolas está assegurado, bem como o acesso a todos os bens essenciais“.
“A operação foi feita num âmbito de um despacho governamental e foi desencadeada de forma a respeitar os direitos das pessoas envolvidas”, destacou José Ribeiro.
Fonte: Lusa