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Instituições do Alentejo vivem “sufocadas financeiramente”, aponta Cáritas de Évora

As instituições sociais do Alentejo vivem “sufocadas financeiramente” devido ao aumento das despesas de funcionamento e à falta de apoio do Estado, alertou hoje o presidente da Cáritas Diocesana de Évora, Luís Rodrigues.

“As instituições da área social vivem momentos dramáticos, sufocadas financeiramente, pelos sucessivos aumentos dos bens de consumo”, afirmou o responsável, que integra também a direção de dois centros sociais paroquiais de Évora com a valência de lar.

Luís Rodrigues, que falava em conferência de imprensa sobre o tema, indicou que “todos” sentem os “aumentos das despesas”, os quais estão relacionados com “consumíveis e, muito em particular, com pessoal”.

“A pandemia, com todos os seus problemas e vicissitudes, é só mais um problema a agravar a situação”, realçou, salientando que “tudo aumenta” e que as receitas das instituições “mantêm-se ou até sofrem reduções”.

Segundo o presidente da Cáritas de Évora, os utentes das instituições sociais “têm baixos rendimentos e as suas reformas são muito pequenas” e as famílias também “têm muitas dificuldades ao nível dos rendimentos”.

As instituições recebem, além da verba de “valor fixo” da Segurança Social, “uma comparticipação do utente” e uma outra da sua família, o que “ajuda a compor a receita, disse, notando que “a esmagadora maioria não tem outras fontes de rendimentos”.

O mesmo responsável referiu que o Estado intitula-se de “parceiro”, mas “comporta-se mais como uma tutela exigente e, muitas vezes, castigadora”, lamentando que “tanto apregoa as suas intenções de valorizar a área social, mas tão pouco faz por isso”.

“Esse Estado lança programas de milhões de ajuda às instituições, que, na prática, nós não vemos onde estão esses milhões”, criticou, dando como exemplo o Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES) – 3ª Geração.

Este programa foi “divulgado fartamente em 2019, lançado em 2020 e ainda hoje não sabemos quais as candidaturas que foram aprovadas”, adiantou, lembrando que as instituições promoveram projetos de arquitetura e especialidades e licenciamentos.

Luís Rodrigues advertiu que “tudo isso” custou dinheiro às instituições e, em “muitos casos”, é para “deitar fora”, pois “perdem a validade” devido ao “tempo todo que vai passando sem resultado”.

“As instituições supostamente beneficiárias, entretanto, vão definhando cada vez mais”, acrescentou.

Já o presidente da União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Évora, Tiago Abalroado, defendeu que o Estado e as instituições devem ter “uma relação horizontal” e estar “ao mesmo nível para servir as populações”.

“As instituições não querem ter excedentes com o financiamento do Estado”, mas sim “aquilo que gastam para promover as respostas sociais” e para que os seus “custos sejam cobertos por aquilo que o Estado canaliza para elas”, sublinhou.

Vincando que o modelo atualmente existente resulta num “subfinanciamento das instituições”, Tiago Abalroado exemplificou com o caso do custo mensal de um utente de um centro de dia.

“O Estado português comparticipa por um utente em centro de dia pouco mais de 100 euros por um mês inteiro”, mas o custo para uma instituição é “no mínimo 700 ou 800 euros”, frisou.

O presidente da União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Évora defendeu, por isso, a necessidade de o Estado “acompanhar a estrutura de custos das instituições”.

C/Lusa

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