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PédeXumbo traz de volta os “bailes mandados” em todo o país

A desenvolver em dois anos pela associação que promove a música e dança, em Évora, o projeto trazer de volta “aos terreiros” os bailes mandados, inclusive em Reguengos de Monsaraz, garantindo “que se ouve sempre mais a voz do povo”.

“De volta aos Bailes Mandados em Portugal” é o novo projeto da PédeXumbo – Associação para a Promoção da Música e da Dança, com sede em Évora, e um dos dez vencedores da 4ª edição do programa “Tradições”, da responsabilidade da EDP.

O objetivo é pomover momentos de partilha entre bailadores e mandadores de diferentes danças mandadas, em três regiões de Portugal (norte, centro e sul do país), visando resgatar esta prática informal em bailes e promover a sua valorização.

“Este novo projeto procura pôr em diálogo diferentes comunidades, para aprenderem práticas uns dos outros e descobrir o contexto no qual as práticas são incorporadas”, explica Sophie Coquelin. a coordenadora científica do projeto

O “baile mandado” é um dos mais antigos e conhecido dos bailes de roda algarvios, em que os pares cumprem as ordens do chamado mandador, a figura que comanda o baile.

No âmbito do projeto da PédeXumbo, o termo pretende abranger diferentes danças que existem um pouco por todo o mundo, tendo em comum a existência de um mandador que “anuncia figuras coreográficas a executar” e que, por vezes, “pode ser bailador ao mesmo tempo, ou ficar ao lado dos tocadores”.

A figura do mandador ou marcador “pode ser associada à contredanse, um género coreográfico que se difundiu a partir das cortes francesa e inglesa para todo o mundo, sob influência ocidental”, diz Sophie Coquelin. 

Embora, inicialmente, esteja ligada às elites, a sua difusão acabou por chegar a todas as classes sociais, ao longo dos séculos XVIII e XIX.

Este projeto, de âmbito nacional, será desenvolvido em dois anos, com incidência em quatro concelhos onde existem ou já existiram bailes mandados: no Norte, em Ponta da Barca (Vira e Chula Mandada); no Centro, na Lousã (Fado mandado); no Sul, em Reguengos de Monsaraz (Contradança no Baile da Pinha) e em Sines (Valsa mandada).

“A nossa proposta é trabalhar nestes quatro concelhos e envolver quem queira participar”, realça a responsável pela coordenação científica do projeto.

Numa primeira fase é feita uma formação para dar a conhecer vários tipos de bailes mandados, nestes concelhos. Segue-se uma outra fase que prevê a realização de um encontro em Reguengos para que as comunidades participantes possam dialogar através da dança.

“Além de pôr as pessoas a bailar, o objetivo é também formar novos mandadores e quem já sabe bailar também poderá aprender algo novo”, acrescenta Coquelin.

Em tempo de pandemia, a associação PédeXumbo vai criar conteúdos em vídeo para ensinar a mandar, dando informação simples para iniciantes com figuras, música de suporte e técnicas para articular a música e a dança. Está prevista, também, a criação de um manual de boas práticas para organizar um baile mandado.

No final do projeto, em 2022, os promotores esperam conseguir “capacitar pessoas singulares ou membros de associações para que revitalizem as suas práticas em contexto informal, como o baile”, garantindo que o baile mandado possa voltar a ser executado, em contexto bailatório ou ritual.

“O futuro dos bailes mandados é voltar aos terreiros e garantir que se ouve sempre mais a voz do povo, contrariando a monopolização imposta pelos seus representantes, políticos ou outros”, indica Sophie Coquelin.

 

Créditos de imagem: rr.sapo.pt

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