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Sexta-feira, Março 29, 2024

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Ponte de Sor vai fabricar a primeira aeronave portuguesa

De acordo com o Diário de Notícias, o nome comercial da empresa que vai produzir a primeira aeronave totalmente construída em Portugal ainda está por definir, mas o futuro presidente do conselho de administração já garante que o fabrico do ATL-100 – que irá ter linha produção no Aeródromo de Ponte de Sor – vai mudar a face do concelho do Alto Alentejo. E os sinais já começaram com a maior procura de casas. O primeiro protótipo deverá levantar voo em 2023.

“Comparo este projeto ao da Embraer, que nasceu em São José dos Campos, no Brasil, em 1970. Na altura, a cidade tinha cerca de 150 mil habitantes e hoje tem 720 mil. Desenvolveu-se muito em torno da aeronáutica”, sublinha Eduardo Bonini, admitindo que o exemplo brasileiro com 51 anos possa repetir-se à escala alentejana à boleia da “criação das competências necessárias em Portugal, com parceiros e fornecedores para construção dessa aeronave de ponta a ponta.”

Os promotores deste primeiro programa aeronáutico completo de Portugal – que envolve o CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento) e a empresa brasileira DESAER – avançam já que o projeto vai criar cerca de 1200 postos de trabalho contemplando os três distritos alentejanos. Ponte de Sor vai receber a maioria – entre 600 a 800 pessoas – enquanto algumas centenas de empregos serão distribuídos entre Beja e Évora na construção de vários equipamentos. Por agora estão ser dados os primeiros passos no centro de engenharia que o programa já está a desenvolver no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia, em Évora.

“Vamos ser uma empresa integradora de segmentos produzidos por parceiros locais, juntando as partes e integrando-as no mesmo avião para depois ser vendido”, esclarece Bonini, ressalvando que este programa “não poderá ser feito de um dia para o outro”.

Explica que, afinal, está em causa um projeto que envolve mais de 30 empresas, ao lado de universidades portuguesas e estrangeiras, apontando a um investimento que ascende aos 164 milhões de euros. “Estamos a falar de tecnologia de ponta. Vamos precisar de muita formação de técnicos e engenheiros”, diz.

O investimento vai ser financiado por fundos comunitários, através do programa operacional regional Alentejo 2020, embora o grosso da fatia financeira deva ser assegurada pela DESAER e CEiiA, contando ainda com uma segunda linha de apoio que pretende atrair investidores internacionais.

O presidente da Câmara de Ponte de Sor, Hugo Hilário, defende que a garantia da instalação da linha de produção no concelho “premeia” o trabalho que ao longo dos anos tem sido desenvolvido no aeródromo. Justifica que a infraestrutura aeronáutica do Norte Alentejo apresenta-se hoje como “diferenciadora e preparada para receber um programa de tão elevada escala”. O autarca assegura que o aeródromo municipal tem tudo à espera do ATL-100. Do sistema de segurança, ao sistema operativo, passando pela estratégia que está definida.

“Dizemos que isso foi um fator diferenciador, porque este investimento é algo especial”, acrescenta, enquanto admite que o desafio atinge tal grandeza no concelho que “supera a capacidade da região em fornecer os recursos humanos necessários ao investimento”. Hugo Hilário já antevê a instalação em Ponte e Sor de mão-de-obra oriunda de outras partes do país – e de além fronteiras – concordando que “este fenómeno vai ter um impacto positivo no Alentejo”, insiste o autarca, dando o exemplo dos técnicos formados no Brasil que estão à espera que a pandemia dê tréguas para viajarem rumo a Ponte de Sor.

Ainda assim, nos últimos três anos este concelho já conheceu sinais de crescimento, sobretudo a partir do momento em que o projeto aeronáutico ganhou asas mais sólidas. “Em três anos houve o dobro das licenças de construção de habitação e de reabilitação de imóveis comparando com os 15 anos anteriores”, exemplifica o presidente do município, atestando como também se registou um crescimento ao nível do comércio, restauração e alojamento local.

De enaltecer que, Ponte de Sor foi dos concelhos do Interior que mais reduziram a taxa e desemprego, baixando de 25% para apenas 5%. “A evolução aeronáutica abre-nos horizontes de crescimento para o futuro”, resume Hugo Hilário.

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