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Terça-feira, Março 19, 2024

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Projeto Acesso Universal quer que “as pessoas com deficiência e familiares lutem pelos seus direitos”, diz representante da APCE (c/som)

Promovido pelas Nações Unidas, desde 1992, o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência celebra-se a 3 de dezembro, com o objetivo de sensibilizar e mobilizar a comunidade para a defesa da dignidade, direito e bem-estar das pessoas que sofrem com algum tipo de deficiência. Nesse âmbito, a Rádio Campanário entrevistou Ana Canhoto, Terapeuta Ocupacional do Centro de Reabilitação e Integração Social, da Associação de Paralisia Cerebral de Évora, sobre o “Projeto Acesso Universal”.

“Este projeto é uma reedição do projeto do ano passado”, explica Ana Canhoto, referindo que “nós começámos este projeto com um formato em tudo semelhante, mas este ano conseguimos abranger mais ruas”, nas quais foram identificadas barreiras à mobilidade.

“O objetivo é contribuir para que as pessoas com deficiência e os seus familiares participem ativamente na luta pelos seus direitos”, sendo que “neste caso estamos a falar do acesso ao espaço público e no acesso a espaços culturais”, assim como “às lojas”, com o intuito de garantir um “acesso universal”, fazendo jus ao nome do projeto, que “tem sido feito em colaboração com a Câmara Municipal de Évora”.

“nós fomos, juntamente com alguns utentes, cerca de 8 utentes e uma colaboradora que tem paralisia cerebral, que trabalha na APCE”, com os quais “fomos percorrer 9 ruas de Évora, este ano, que vão desde a periferia até ao centro, artérias principais e fomos percorrendo as ruas, juntamente com os utentes e os arquitetos da Câmara.

Assim e “ao mesmo tempo que nos íamos apercebendo de dificuldades, ou então de pontos que já tinham sido alvo de intervenção, apontámos como sendo pontos limitadores ou facilitadores da mobilidade e do espaço público”, explica Ana Canhoto.

No que diz respeito ao tipo de barreiras e limitações urbanísticas que se podem encontrar nas cidades, em especial em Évora, a Terapeuta Ocupacional refere que elas começam “logo pelo próprio piso dos passeios”, uma vez que “o piso é muito irregular” onde “às vezes a estrada tem pedras de granito mais regulares do que o próprio passeio”.

Contudo, além deste entrave “comum praticamente em toda a cidade”, existem outros como “nas ruas transversais” onde “os passeios deixam de ter continuidade porque há um desnível do passeio com a estrada”, apesar de haver “algumas passadeiras que agora já vêm tendo intervenção, também têm desníveis”.

Neste sentido, explica que “as elevações podem passar do nível da estrada para o nível do passeio, que fica uma lomba grande, mas a nível de segurança também é melhor porque os carros são obrigados a diminuir a velocidade”. Mas também “para as pessoas com mobilidade reduzida facilita, porque o piso acaba por ficar nivelado”.

Além desta solução, Ana Canhoto refere que “também se podem colocar rampas nos passeios”. Ainda assim, outro problema recorrente decorre do facto de que “por vezes os sinais estão a ocupar o passeio, para as cadeiras passarem”. Um problema que “já não se encontra tanto, como há uns tempos atrás”, mas “ainda há algumas situações”.

7 imagens no total que vão ser expostas em MUPIS à volta da cidade de Évora de 1 a 8/12, apanhando assim o dia 3 de dezembro que é o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.

Começou por dar outro exemplo, o facto de que “Évora tem as ruas muito estreitas e os passeios são muito estreitos também em muitos pontos da cidade, não havendo espaço para as pessoas depois passar”.

“Nós nos MUPIS pensámos em assinalar o problema, mas também de uma forma positiva mostrar já possíveis soluções”, explica, frisando que a ideia é “também tentar mostrar uma parte positiva de como é que se podia resolver” o problema identificado.

Desta forma, “esses MUPIS são imagens que foram tiradas nos locais com os nossos utentes”, para os quais “contratámos uma designer gráfica, que fez uma edição destas imagens, em que é percetível e está lá explicado o problema que existe”, ao mesmo tempo que se pode é referida “a possível solução para esse problema”.

Destas 7 imagens, “5 são problemas, pontos limitadores da mobilidade, mas também há dois em que já houve intervenção”, nos quais “a acessibilidade está facilitada, naquele sítio”.

Desta forma, o mote desta iniciativa passa por encontrar soluções inclusivas “em colaboração com o maior número de instituições e pessoas que conseguirmos”, explica Ana Canhoto. Uma vez que “quanto mais pessoas estiverem envolvidas, mais pessoas vão estar despertas e vão falar mais nesta situação”, gerando assim “uma vontade política, esperamos nós, de solucionar estas questões”.

Por fim, a Terapeuta Ocupacional da APCE, explicou que o projeto contou com o financiamento do Instituto Nacional para a Reabilitação, o que “nos permitiu promover e divulgar mais, e assim conseguimos ter financiamento para pagar à designer, conseguir imprimir e ter os cartazes afixados”, referindo que “também vamos fazer uns folhetos que vamos distribuir pelos moradores e pelos legistas das nove ruas que foram abrangidas por este projeto”.

Pelo que “assim esperamos todos continuar, porque me parece que já está começado, continuar esta visão de que todos têm o direito acesso aos serviços, à cultura e ao espaço público”, refere Ana Canhoto.

As nove ruas incluídas neste projeto são a Rua Cândido dos Reis (Lagoa), Rua do Cano, Rua de Avis, Rua José Estevão Cordovil (Liceu), Rua de Machede, Rua de Mendo Estevens, Rua Dr. Joaquim Henrique da Fonseca, Rua Dom Augusto Eduardo Nunes e Travessa das Peras, tendo sido e identificados um total de 104 pontos.

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