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Sábado, Abril 20, 2024

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“Sou como a Amália: vou cortar cabelos até que me doam as mãos, a Amália era cantar até que doa a voz”, diz Nuno Perdigão (c/som)

No coração da cidade de Évora, na Praça do Giraldo, está situada uma barbearia com mais de cem anos que não passa por despercebida em quem lá se atravessa. À entrada, é possível dar-se de caras com uma decoração antiga e verdadeira, com diversos quadros e objetos pendurados nas paredes. Uma coleção de antiquarias que não só foram sendo adquiridas, como também oferecidas pelos que lá passam.

Nuno Perdigão é natural de Redondo e atual dono do espaço ao qual a Rádio Campanário foi conhecer. O barbeiro contou a história dos antecedentes proprietários do estabelecimento “É meu há um ano. Foi do meu patrão durante 50 anos, o senhor Manuel Valente e antes era do senhor Furinho, que também esteve cá por volta de 38 anos. É uma barbearia centenária de Évora, muito conceituada que já passaram várias personalidades”.

Exerce há 27 anos, no entanto, no célebre espaço “vai para 9 anos nesta barbearia”, confessando que é apaixonado pela profissão “no logótipo tenho “Barbeiro com Alma”, tem que se ter alma para se gostar daquilo que se faz”.

Nuno Perdigão acrescenta ainda que “é uma arte que se tem de gostar. Tem que se falar com a pessoa, tem que se ter gosto naquilo que se tem. Trato o cliente por o nome, adoro tratar o cliente por o nome, pelo valor que veio deixar à casa.”

Por outro lado, o proprietário assume também do que o deixava menos confortável nos primeiros tempos de trabalho “Não gostava quando era mais novo e tinha que se meter a mão dentro do lábio da pessoa, isso era o que eu não gostava”.

O barbeiro afirma que muitos dos clientes que lá passam, já são caras conhecidas “tenho uns clientes habituais que já vêm de gerações, que comecei a cortar desde pequeninos, e que já vêm com os filhos. Tenho clientes que vêm o pai, o avô e o neto, são três gerações”.

Contudo, o facto de estar localizado numa zona notável, também faz atrair novas pessoas “em Évora temos a particularidade de ter os espanhóis pela Páscoa e pelo Natal. Em agosto o resto do mundo.”

Nuno dá a conhecer o funcionamento do espaço, destacando que se dá “privilégio à marcação desde o Covid, mas se o cliente entrar e perguntar se tenho tempo, claro que sim, será atendido com todo o prazer.”

Desde que pandemia começou “trouxe aquele momento muito baixo para todos, para os meus colegas, para toda a gente”, porém, também carregou consigo “coisa boa, que foi olharmos para trás e vermos que algo estava mal e conseguirmos corrigir”, expõe o barbeiro.

Obrigado a fechar o estabelecimento durante dois meses, “desde dia 5 de Janeiro até dia 15 de Março de 2021”, Nuno revela como suportou as despesas “na altura com algum dinheiro que tinha junto que deu para suportar não só a barbearia, como a casa, os filhos, tudo”.

Para o barbeiro, se tiver toda a dedicação no trabalho, nada correrá mal “desde que nos façamos um trabalho sincero, honesto e perfeito, acho que não há qualquer obstáculo. Temos de ser sinceros naquilo que estamos a fazer”

O proprietário expressa que ainda não está nos seus planos arrumar as tesouras e terminar a sua carreira “como costumo de dizer, eu sou como a Amália: vou cortar cabelos até que me doam as mãos, a Amália era cantar até que doa a voz”.

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