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Quinta-feira, Março 28, 2024

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O Capote Alentejano vestiu Reis e Presidentes, serviu a Monarquia e a República e é um dos mais emblemáticos traje de Portugal

Bastará olhar para ele e percebemos que não é um agasalho qualquer. Trata-se de indumentária de nobre recorte (o próprio rei D. Carlos a usava quando se deslocava à planície alentejana para caçar, nas imediações do Paço Ducal de Vila Viçosa), que transparece um certo status e que, por isso mesmo, era desejada por quem queria exibir publicamente alguma fortuna, ou pelo menos fingir que a tinha.

Ainda assim, é possível que uma peça tão ilustre tenha tido inspiração na outra ponta do eixo, a classe pobre, nomeadamente nos pastores do Alto Alentejo  que pretendiam um casaco em burel que os cobrisse da frialdade e que, ao mesmo tempo, lhes desse liberdade de movimentos. Daí surgiu a ideia de se coser um traje longo mas sem mangas – ao invés, há uma espécie de pequena capa (ou sobrecapa, neste caso, porque se sobrepõe a outra, interior) que cai dos ombros até peito e braços. Essa característica é um dos registos mais expressivos do Capote Alentejano, e podemos observá-lo quer nos exemplares mais recentes, de fina costura, quer em postais ilustrativos de casacos pastoris do final do século XIX.

Terá havido altura em que ambos os trajes podiam ser vistos com frequência: o Capote Alentejano como hoje o conhecemos, em lã, usado pelos agricultores mais abastados; e um capote de recorte improvisado e mais descuidado, em burel, usado pelos pastores (também chamado de mata-frio). Um e outro teriam o propósito de proteger o homem dos ventos de inverno que correm as planícies e lezírias do sul, mas o Capote de recorte mais nobre tinha uma segunda função: afirmação social.

Outra particularidade do Capote Alentejano é a gola, que pode ser de pele de raposa ou de pele de borrego ou mesmo de ovelha (há modelos que substituem a pele por fazenda), e que dá para usar levantada ou baixa, conforme queiramos receber mais ou menos frio.

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