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Vinhos no Alentejo: Symington, a maior proprietária do Douro, “perde dinheiro” todos os anos

De acordo com informação avançada no Jornal online Eco, a empresa Symington, a maior proprietária de vinhos do Douro, continua a perder dinheiro em projeto no Alentejo. O presidente da empresa refere que em termos financeiros o referido projeto continua a dar prejuízo.

Detalhando a situação, o presidente da Symington Family Estates esclarece que cinco anos depois de comprar a Quinta da Fonte Souto, no Alentejo, uma operação fechada no primeiro semestre de 2017, que incluiu as vinhas e uma adega, mas deixou de fora as marcas (Altas Quintas) e os stocks de vinho, “em termos financeiros isto é um projeto que perde dinheiro todos os anos”.

“Tivemos de investir em praticamente tudo, desde os edifícios, na vinha, na rega, e estabelecer uma marca, o que não é nada fácil. Ou temos muita sorte ou investimos muito dinheiro. (…) A maior parte do vinho alentejano vende-se a quatro euros por garrafa ao consumidor e o nosso vinho de entrada sai a nove euros. Mesmo assim não estamos a ganhar dinheiro”, reconhece Rupert Symington, em entrevista ao ECO.

 

O gestor confessa mesmo a “surpresa” que teve ao chegar à sub-região de Portalegre, pois “achava que se criava uva nessa terra a metade do preço do Douro”. “É ligeiramente mais económico, mas não muito. São solos bastante inférteis. Tem muita água, o que é uma vantagem, mas as condições não são muito diferentes do Douro em termos de rendimento por videira. Portanto, o vinho saiu bastante mais caro do que eu estava a pensar”, completa.

Sem detalhar os valores, o líder do grupo criado em 1882, que fechou o ano passado com um volume de negócios de 105 milhões de euros, diz que “as vendas já cresceram, mas ainda estão muito aquém do necessário para rentabilizar o projeto” no Alto Alentejo. Mesmo assim, contextualiza, “isto é o negócio do vinho: são muitos anos para criar um ativo e há muitos produtores que nunca fazem lucros, vivem das mais-valias que fazem nas marcas”.

 

Questionado sobre a aparente falta de entusiasmo com este negócio, o membro da quarta geração da família de origem britânica e portuguesa que fundou a empresa – na qual ingressou em 1992 e de que se tornou presidente executivo em janeiro de 2019, sucedendo ao primo Paul –, garantiu estar comprometido. Embora reconheça que o modelo de expansão que “faz mais sentido” é o de parcerias com produtores já estabelecidos e com experiência nessa região. “Porque gerir um projeto à distância, como fizemos no Alentejo, custa muito em termos de tempo e de dinheiro. E às vezes há soluções muito mais económicas”, conclui.

Além do Alentejo, outra geografia em que o maior proprietário de vinhas no Douro (26 quintas com um total de 2.420 hectares) vai perder dinheiro é na Rússia, que já gerava receitas superiores a dois milhões de euros. E para onde deixou de enviar caixas de vinho logo após o início da guerra na Ucrânia, por uma “questão ética”. “É uma pena. Depois de termos trabalhado dez anos a construir um mercado saudável na Rússia e com clientes fiéis, agora, por uma situação política que ninguém quer – nem o consumidor nem nós – temos de abdicar de exportar para lá”, lamenta Rupert Symington.

 

Quanto aos efeitos indiretos do conflito militar no leste europeu, com o custo das caixas de cartão a subirem 20% e os fornecedores de garrafas a aplicarem sobretaxas de 45% nas faturas, o presidente é rápido a fazer as contas. Os materiais secos pesam um terço nos custos de engarrafamento. Um aumento de 20% nos materiais representa +7%. Engarrafar uma caixa de vinho passa de 9 para quase 10 euros. Em dois milhões de caixas são dois milhões de euros que desaparecem. Parte dos custos já começaram a ser passados aos clientes, sublinha o presidente e gestor da empresa.

Fonte: Eco

 

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