O esqueleto de Estremoz colocado em 10° lugar, entre os dez esqueletos mais intrigantes de 2016, pela revista norte-americana Forbes, volta a estar em análise pela “estranheza” que causou a doença com que viveu este homem, no século XIV, no Sudeste de Portugal.
A Rádio Campanário falou com uma das investigadoras, Teresa Matos Fernandes, que analisaram o esqueleto e a Professora Catedrática explicou a “estranheza” de se encontrar micetoma no pé do homem que vivia em Estremoz, dizendo que “na Europa é o primeiro caso antigo conhecido deste fungo. O que surpreendeu foi encontrar-se num esqueleto de Estremoz, num período (entre o século XIII é o século XV) e num local onde até ao momento não se conheciam quaisquer outros casos”.
Teresa Matos Fernandes afirma que este “é um período em que houve uma alteração climática europeia, que por certo afetou Estremoz”.
Os 115 esqueletos foram encontrados durante uma escavação de acompanhamento de obra, na zona intervencionada no rossio de Estremoz, mas a investigadora salienta que “a necrópole não esta toda estudada, já revelou outros casos muito interessantes e era promissor um estudo nesta necrópole, que permitiria também perceber se este era o único caso de micetoma”.
A antropóloga biológica, professora catedrática da Universidade de Évora, afirma que “seria interessante fazer uma análise ao ADN, caso ainda exista, do fungo, para uma análise mais meticulosa. Apesar de o pé analisado, do esqueleto de Estremoz, assemelhar-se muitíssimo ao caso do pé de Madura. O fungo terá entrado por uma ferida no pé, o homem devia andar descalço e não havia tratamento na altura para este tipo de infeção, originando uma lesão muito grave”.
Teresa Matos Fernandes termina mencionando que “completar o estudo dos esqueletos que foram encontrados no rossio de Estremoz pode vir a trazer alguma luz sobre como era a vida nesses séculos dessa população”.
O esqueleto investigado por Ana Curto e Teresa Fernandes foi considerado um dos 10 esqueletos mais intrigantes de 2016 para a revista Forbes, entre os encontrados noutros pontos, como Ontário, no Canadá, em Nápoles, na Itália, ou em York, na Inglaterra.