12 C
Vila Viçosa
Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Ouvir Rádio

Data:

Partilhar

Recomendamos

Universidade de Évora apresenta grupo que estuda a possibilidade de antecipar a primeira tirada de cortiça

Liderado pela equipa de investigação Pró-FlorMed da Universidade de Évora e do MED (Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento), o REGACORK, grupo operacional envolvido no projecto de investigação em rega de precisão de sobreiros, foi apresentado a uma audiência de 200 participantes com interesse na fileira da cortiça.

O Dia Aberto aconteceu a 12 de fevereiro no Auditório Ary dos Santos em Avis. Nuno de Almeida Ribeiro, professor do Departamento de Fitotecnia da Universidade de Évora e coordenador do projecto, deixou claro que o objectivo do grupo é estudar a possibilidade de antecipar a primeira tirada de cortiça que acontece, nos povoamentos de sequeiro, entre os 18 e os 24 anos de vida da árvore. Isto é feito através do estudo do efeito da fertirrega na formação, produção e qualidade da cortiça em plantações intensivas de sobreiros, em áreas marginais, numa óptica de rega eficiente, dando à árvore apenas a quantidade de água necessária para o seu rápido desenvolvimento e formação de cortiça.

“A transferência deste conhecimento técnico e científico, gerado neste grupo operacional, será alargado à instalação de novos povoamentos de sobreiros contribuindo para o combate à futura escassez da matéria-prima a médio prazo – a cortiça e fortalecendo os benefícios destes ecossistemas florestais que mantém comunidades no interior do país”, avança o professor responsável pela investigação. Francisco Carvalho, da Amorim Florestal SA e um dos parceiros líder do projeto, sublinhou a importância desta investigação afirmando que é necessário sensibilizar os produtores para avançarem com o regadio para que no futuro haja mais sobreirais a produzirem mais qualidade e quantidade de cortiça.

Existem vários ensaios piloto a serem monitorizados pela equipa de investigação da Universidade de Évora que, ao momento, já consegue concluir a boa correlação observada entre os tratamentos de rega e o crescimento do diâmetro do fuste dos sobreiros. Joana Amorim, da Fruticor, gestora da herdade do Corunheiro onde está instalada uma área de seis hectares de sobreiros regados em profundidade, explica que a equipa de investigação da Universidade de Évora tem o controlo total deste ensaio piloto, o “REGASUBER”, tendo estado a testar, desde 2014 (resultado de outros projectos), várias 2 combinações de fertirrega com o objetivo de chegar à fórmula óptima que combine a melhor rentabilidade do sobreiro versus economia de água, para aquele tipo de solo. Seguiu-se a mesa redonda, moderada por Teresa Soares David do INIAV, onde esteve representada a produção com fins comerciais.

A Casa Barreira, representada por José Maria Guedes, com dezoito hectares de sobreiros regados, instalados em 2018, a Herdade dos Deuses, gerida por José Falé, que instalou em 2019, cinco hectares de sobreiros com rega gota-a-gota e o Engenheiro Paulo Henrique, representante da Fruticor, com a sua experiência na condução do povoamento. Ambos investiram por sua conta e risco em sistemas de rega aplicados a sobreiros plantados em áreas marginais nas suas propriedades. A necessidade de revitalizar os montados, dado o seu envelhecimento pela não renovação e pelas más decisões ao nível da gestão florestal, levou os proprietários a fazerem parte deste grupo operacional que transfere os resultados da investigação auxiliando nas tomadas de decisões que lhes permita ter mais cortiça e de melhor qualidade.

O Dia Aberto terminou com uma visita ao ensaio piloto “IRRICORK”, instalado na herdade do Conqueiro no concelho de Avis, por Francisco Almeida Garrett. O proprietário fez o primeiro descortiçamento dos sobreiros regados gota-agota aos 8 anos, quando o fuste já tinha atingido um perímetro de 70 cm a uma altura de 1,30 m. Um suplemento vitamínico que encurtou para metade o tempo da primeira tirada. Esta área de povoamento de sobreiros jovens e adultos pré-existentes está, desde 2017, a ser monitorizada pela equipa de investigação da Universidade de Évora.

Os participantes, que vieram de norte a sul do país, revelaram interesse em continuarem a acompanhar o desenvolvimento desta investigação e destacaram o papel da Universidade de Évora como produtora de conhecimento científico capaz de partilhá-lo com o mundo real. O grupo operacional GO-REGACORK, iniciado em Junho de 2018, composto por 14 parceiros, está a estudar e implementar um novo conceito de gestão silvícola que integre a fertirrigação em novas plantações de sobreiros com o objectivo de antecipar o tempo até ao primeiro descortiçamento aumentando a rentabilidade e a vitalidade destas florestas.

Populares