A vida e a obra de Cruzeiro Seixas, “figura incontornável” do Surrealismo em Portugal, falecido no mês passado, vão ser evocadas numa iniciativa na Universidade de Évora, no dia 03 de dezembro.
“Teatro das Imagens – Cruzeiro Seixas, a Poética do Engano” é a designação da iniciativa de homenagem ao artista, promovida pela Biblioteca Geral da Universidade de Évora (UÉ), e que vai coincidir com o “dia em que completaria o seu 100.º aniversário”, divulgou a instituição.
“Figura incontornável do Movimento Surrealista, Cruzeiro Seixas deixa-nos a sua arte, incontornavelmente forte e multifacetada, reveladora da sua grandeza humana e artística”, destacou a academia alentejana, em comunicado.
As atividades programadas vão ter lugar, a partir das 15h30 de 03 de dezembro, junto da Biblioteca Geral, no Colégio do Espírito Santo, e arrancam com a instalação de duas obras da autoria do artista João Francisco Vilhena.
As obras homenageiam “a grandeza poética e humanista do universo artístico do grande Mestre Cruzeiro Seixas”, assinalou a UÉ.
O programa incluirá também uma intervenção sobre o homem, o poeta e o artista Cruzeiro Seixas, a cargo de António Cândido Franco, docente no Departamento de Linguística e Literaturas da academia alentejana, seguindo-se leituras encenadas das suas poesias, por alunos de Teatro da Escola de Artes.
“Sonhos acordados de Cruzeiro Seixas pelas Tapeçarias de Portalegre” é o título da intervenção que vai ser proferida por Telmo Garção Lopes, investigador do CHAIA – Centro de História da Arte e Investigação Artística.
Ao longo do dia, no âmbito da iniciativa, poderá ainda ser visualizado o vídeo “Cruzeiro Seixas ‘mail trip’”, realizado a partir do acervo de correspondência pessoal de Artur Cruzeiro Seixas, que o artista doou ao Arquivo da UÉ.
Segundo a universidade, o vídeo foi produzido por Filipe Rocha da Silva e editado por Rui Valério, docentes no Departamento de Artes Visuais e Design.
Artur Cruzeiro Seixas, nascido na Amadora (Lisboa), a 03 de dezembro de 1920, morreu no passado dia 08 de novembro, no Hospital Santa Maria, em Lisboa.
Considerado uma figura fundamental do Surrealismo em Portugal, foi autor de um vasto trabalho no campo do desenho e pintura, mas também na poesia, escultura e objetos/escultura.
Desse legado, saiu uma exposição permanente, dedicada a Cruzeiro Seixas, que está patente na Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão (Braga), à qual o artista tinha doado a sua coleção, em 1999, e onde está situado o Centro Português de Surrealismo.
Em outubro, tinha sido distinguido com a Medalha de Mérito Cultural, pelo “contributo incontestável para a cultura portuguesa”, ombreando, com Mário Cesariny, Carlos Calvet e António Maria Lisboa, como um dos nomes mais relevantes e importantes do Surrealismo em Portugal, desde finais dos anos 1940.