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Universidade de Évora no desenvolvimento de sistema operacional para a avaliação de risco natural de ignição de incêndios

Estudo conduzido por equipa de investigação da Universidade de Évora aponta para a possibilidade de estimar a probabilidade de ocorrência e as regiões onde os incêndios florestais podem ser originados naturalmente por raios. A investigação coordenada pelo investigador Rui Salgado enquadra-se nos objetivos do Centro Ibérico de Investigação e Combate aos Incêndios Florestais (CILIFO).

“Sabemos que na maioria dos casos e de um ponto de vista natural os raios atuam como fator principal de ignição dos incêndios florestais” avança Rui Salgado, investigador do Instituto de Ciências da Terra- Polo de Évora (ICT). Com este estudo “pretendemos verificar se seria possível prognosticar corretamente a ocorrência e a localização de raios nuvem-solo, com uma simulação de alta resolução, com base nos eventos ocorridos em junho de 2017, incluindo o incêndio de Pedrógão Grande.

O modelo atmosférico utilizado forneceu uma representação realista das propriedades elétricas dos sistemas de nuvens, onde para além das condições atmosféricas associadas aos incêndios, “constatou-se que o esquema elétrico CELLS pode ser utilizado para estimar a possibilidade e as regiões onde incêndios florestais podem ser originados naturalmente”, sublinha Flávio Couto, também investigador do ICT Évora que integra a equipa da UÉ do projeto CILIFO.

As vantagens desta abordagem “vão muito além da utilização do Meso-NH no estudo da ignição de incêndios”, uma vez que a partir dos avanços computacionais “já é possível representar as complexas interações atmosfera-fogo por meio do acoplamento numérico entre os modelos atmosféricos e os modelos de propagação de fogos”. No futuro, o investigador refere que “o acoplamento de tais capacidades numéricas permitirá um conhecimento mais completo de incêndios florestais causados naturalmente, sendo possível estimar vários aspetos associados com a ignição natural e a evolução de incêndios numa mesma simulação numérica”.

Para Rui Salgado, “a eficiência e a precisão do esquema elétrico em representar a distribuição espacial dos raios na região onde alguns incêndios foram relatados foi confirmada, tornando possível a sua aplicação no estudo de incêndios florestais causados naturalmente”, sublinhando que “existe uma complexa interação entre condições atmosféricas, incêndios, florestas”, sendo necessário melhor entender sobre essas relações “para melhor prever a ignição natural e a evolução de fogos em Portugal”.

Os resultados deste estudo podem ser úteis ao futuro desenvolvimento de um sistema operacional para a avaliação de risco natural de ignição de incêndios, nomeadamente partindo dos modelos de previsão do tempo atualmente utilizados pelas autoridades meteorológicas nacionais, o IPMA em Portugal e a AEMET em Espanha.

No âmbito do CILIFO a UÉ está a trabalhar em diversos estudos, nomeadamente no que respeita ao aprofundamento do conhecimento da dinâmica dos grandes fogos florestais, à optimização de faixas de gestão do combustível, à estimativa e valorização da biomassa resultante de operações de gestão, à utilização de imagens satélite para melhorar a cartografia da superfície, ao estudo da degradação da qualidade do ar devida a incêndios, e à modelação da propagação de fogos e do transporte e difusão das plumas de fumo na atmosfera. Para Rui Salgado “este é um trabalho que nunca vai estar acabado, tendo em conta as alterações climáticas” acrescentando que também por este motivo “os fogos não têm tendência a diminuir”.

Esta é, pois, a primeira fase da investigação desenvolvida por investigadores da Universidade de Évora envolvidos no Centro Ibérico de Investigação e Combate aos Incêndios Florestais (CILIFO) que junta o Alentejo, o Algarve e a região espanhola da Andaluzia, com reunião dos parceiros que teve lugar na Universidade de Évora, Palácio do Vimioso, nos dias 21 e 22 de fevereiro.

Sobre o CILIFO

Financiado pelo Programa de Cooperação Transfronteiriça Interreg VA Espanha-Portugal – POCTEP (2014-2020), o Centro Ibérico de Investigação e Combate aos Incêndios Florestais, cuja duração é de três anos, pretende constituir-se como um Centro permanente para o desenvolvimento e promoção da formação, sensibilização, investigação e cooperação no combate aos incêndios florestais; Reforçar e promover a cooperação, os procedimentos de trabalho e a formação entre os Dispositivos de Prevenção e Extinção de Incêndios Florestais dentro da área de cooperação da Eurorregião Alentejo – Algarve – Andaluzia.

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