A Universidade de Évora (UÉ) recordou hoje a atriz Eunice Muñoz como uma “alentejana reconhecida pelo extraordinário percurso profissional”, considerando que “não somente o teatro”, mas também o país fica “irremediavelmente mais pobre”.
Eunice Muñoz morreu hoje, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, aos 93 anos, disse à agência Lusa o filho da atriz. Nascida na Amareleja, no distrito de Beja, em 1928, Eunice Muñoz completou em novembro 80 anos de carreira. “Foi com consternação que tivemos conhecimento da morte da atriz Eunice Muñoz, alentejana reconhecida pelo extraordinário percurso profissional que o nosso país jamais poderá esquecer”, referiu a academia alentejana, numa nota enviada à agência Lusa.
Assinalando que Eunice Muñoz foi uma “mulher afável e com a simplicidade que lhe é reconhecida”, a UE frisou que o falecimento da atriz “deixa, não somente o teatro, mas o país irremediavelmente mais pobre”.
Na mesma nota, a academia alentejana lembrou ter atribuído o grau de Doutor Honoris Causa a Eunice Muñoz, em 2009, juntamente com o também ator Ruy de Carvalho. Filha e neta de atores de teatro e de artistas de circo, ao longo da carreira Eunice Muñoz entrou em perto de duas centenas de peças, trabalhou com cerca de uma centena de companhias, segundo a base de dados do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, no cinema e na televisão, o seu nome está associado a mais de oito dezenas de produções de ficção, entre filmes, telenovelas e programas de comédia.
Em abril do ano passado, Eunice Muñoz foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, cerca de três anos depois de ter recebido a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.
Ao longo de 2021, contracenou com a neta Lídia Muñoz, na peça “A margem do tempo”, em diferentes palcos do país, numa digressão que culminou no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em 28 de novembro, exatamente 80 anos após a sua estreia. No final da sessão, a que assistiram o primeiro-ministro, António Costa, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e a ministra da Cultura, Graça Fonseca, foi prestada uma homenagem à atriz.
“Este teatro foi a minha casa durante muito anos, fui feliz no palco, em tudo o que cá fiz”, afirmou então Eunice Muñoz, no final da sessão. “Agradeço sobretudo a vocês, ao público, que me acarinhou, que me aplaudiu desde que comecei, até agora que comemoro os meus 80 anos de carreira”, salientou. “O teatro precisa de nós, de nós no palco e de vocês que recebem o melhor que temos para dar”, acrescentou ainda Eunice Muñoz, concluindo que, “apesar dos dias estranhos e difíceis, o belo continua a existir”.