A Câmara de Beja e a Força Aérea estão a prestar os serviços necessários para cuidar das utentes do lar Mansão de São José, afetado por um surto de covid-19, que estão alojadas na base militar da cidade.
“O que a câmara fez foi sobretudo agilizar processos para que a transferência das utentes” do lar para o Centro de Acolhimento da Base Aérea (BA) N.º 11, perto da cidade, “pudesse decorrer o mais rápido possível”, disse hoje à agência Lusa o presidente do município, Paulo Arsénio.
De acordo com a notícia avançada pela Agência Lusa, neste sentido, o município contratou quase todos os serviços que estão a ser prestados às utentes alojadas na BA11, nomeadamente os de cuidados de geriatria, enfermagem, fornecimento de refeições e de equipamentos de proteção individual, limpeza e recolha de resíduos, explicou.
Segundo o autarca, para cuidar das utentes alojadas na BA11, o município contratou, a uma empresa de prestação de serviços na base área, uma equipa de auxiliares de geriatria, que, atualmente, é composta por mais de 30 pessoas, mas pode ir até ao limite de 50.
Além da equipa, há também um enfermeiro a prestar cuidados às utentes, o qual “foi cedido até hoje” pela Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo e, a partir de sexta-feira, “passará a ter as horas extraordinárias que faça pagas pelo município”.
Por sua vez, a BA11 está a fornecer as refeições, que serão financiadas pelo município, e a prestar e a suportar financeiramente o serviço de lavagem de roupa de cama e os serviços básicos necessários ao funcionamento do centro, ou seja, os de água, luz, aquecimento e Internet, disse hoje à Lusa o comandante da unidade militar, o coronel Paulo Costa.
“Naturalmente, os serviços prestados pela câmara têm custos”, e, por isso, “no final do processo, a autarquia irá reunir com a Segurança Social e com o lar Mansão de São José no sentido de ser ressarcida das verbas aplicadas num conjunto de obrigações que tinha de assumir e assumiu” neste caso, mas que “não são da sua competência”, disse o autarca, frisando que, “nesta altura, não é matéria que preocupe” o município.
De acordo com Paulo Arsénio, na sequência de uma decisão da autoridade de saúde e para “descongestionar” o lar, que, “aparentemente”, tinha “pessoas em excesso”, foram transferidas para a BA11 54 utentes – 53 no sábado e uma na quarta-feira -, entre as quais duas não infetadas.
Hoje, no centro de acolhimento, estão 51 utentes, já que três encontram-se em observação no hospital de Beja, disse o autarca, referindo que as utentes que permanecem no lar estão a ser cuidadas por brigadas de intervenção rápida da Cruz Vermelha Portuguesa, acionadas pela Segurança Social.
Paulo Costa explicou que o centro de acolhimento foi criado em abril para responder a necessidades de alojamento de infetados com o vírus que provoca a doença covid-19.
O centro é composto por dois edifícios, um com 70 camas para alojar pessoas infetadas e um outro de apoio e descontaminado, onde os funcionários afetos podem descansar e pernoitar.
Segundo o coronel, o centro está situado “numa área mais isolada” e, por isso, “não interfere com a atividade operacional dos militares” da BA11 mas, “traz um acréscimo de trabalho” aos funcionários civis e militares que asseguram os serviços prestados pela unidade militar, disse Paulo Costa.
No entanto, frisou o coronel, “o sentido de dever e o entusiasmo por poder ajudar neste momento difícil supera qualquer acréscimo de trabalho que poderemos ter”.
Por seu lado, o presidente da Câmara mostrou-se “muito satisfeito com o grau de resposta” de todas as entidades envolvidas, o que permitiu “montar rapidamente” no Centro de Acolhimento da BA11 “um desdobramento do lar Mansão de São José e uma estrutura profissional para assegurar condições de segurança à eficaz recuperação” das utentes.
Já Paulo Costa fez questão de salientar “o nível de coordenação e o excecional relacionamento entre todas as entidades envolvidas neste processo” e mostrou-se “satisfeito com a forma como tudo tem decorrido”.
O primeiro caso de covid-19 detetado no lar foi o de uma utente de 89 anos, que deu entrada no dia 12 deste mês no Serviço de Urgência do hospital de Beja, onde fez um teste de despiste do covid-19 que deu resultado positivo e foi internada.
Após ter sido detetado o primeiro caso foram feitos testes de despiste aos restantes utentes e funcionários do lar, o que permitiu detetar mais 106 infeções.
Do total de 107 infetados no surto no lar, que apenas acolhe utentes do sexo feminino, três utentes morreram e os restantes são 84 utentes e 20 funcionários.
Dez das 84 utentes estão internadas no hospital de Beja e as restantes estão divididas pelo lar e pelo Centro de Acolhimento da BA11.
O concelho de Beja regista atualmente 196 casos ativos de Covid-19, 113 casos recuperados e 6 óbitos.