A Direção Regional do Alentejo do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses teve conhecimento da existência, mais uma vez, de vencimentos em atraso na Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS), incluindo no Hospital de Serpa. Em comunicado enviado à nossa redação esta já não é a primeira vez que há salários em atraso, desde que a gestão do Hospital passou para a Santa Casa da Misericórdia de Serpa. O Sindicato refere que esta situação é inadmissível pois os enfermeiros (e restantes trabalhadores) que cumprem as suas obrigações laborais têm direito a receber o vencimento dentro do prazo legal. A Administração Regional de Saúde do Alentejo, a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo e o próprio Ministério da Saúde não podem ignorar o que se está a passar na SCMS, uma vez que cederam a “exploração” do Hospital de Serpa à SCMS.
Com base neste comunicado, a Rádio Campanário falou com o enfermeiro Celso Silva, da Direção Regional do Alentejo, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses que, questionado acerca de como obtiveram conhecimento da situação, começou por referir “temos conhecimento da situação por informação dos nossos associados que trabalham na Santa Casa da Misericórdia de Serpa,” destacando que “os vencimentos que deviam ser pagos até ao final do mês de fevereiro e que não foram ainda.”
No que diz respeito à intervenção do sindicato, nomeadamente se tentou verificar junto desses profissionais o que se estava a passar, o enfermeiro sublinha que “aquilo que temos conhecimento é que a Santa Casa da Misericórdia de Serpa informou os trabalhadores que o vencimento não ia ser pago até ao final de fevereiro,” mas “que ia ser pago até ao dia 3 de março que é hoje, e isso não aconteceu.”
Nesse sentido, “os enfermeiros, e também os outros trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Serpa, não tem qualquer informação de quando é que essa situação vai ser resolvida”.
O objetivo desta informação divulgada pelo sindicato é pedir esclarecimentos sobre a situação. “Enviamos um ofício urgente ao Senhor Provedor a solicitar o esclarecimento desta situação”, explicou o enfermeiro.
O que está em causa, destacou Celso Silva, são “salários que não foram pagos e não fazemos ideia de qual será a razão do não pagamento,” destacando que “sabemos que já não é a primeira vez, e é uma situação que tem que ser resolvida, porque os trabalhadores, neste caso concreto os enfermeiros, trabalham, exercem as suas funções e, como qualquer trabalhador, têm que ser remunerados no final de cada mês.”
No concreto, “nós não temos informação de quando é que esta situação poderá ser resolvida e os trabalhadores da Santa Casa também não.” O sindicato vai aguardar “pela resposta do Senhor Provedor, que tem que ser breve, caso contrário nós teremos que providenciar outras medidas em conjunto com os enfermeiros que lá trabalham e ver o que é que fazemos.”
Sobre os possíveis motivos para a Santa Casa da Misericórdia não ter pago os ordenados quer aos enfermeiros quer aos restantes trabalhadores, Celso Silva aponta que “não houve uma justificação concreta da razão,” sublinhando “o que podemos imaginar é que se não fazem o pagamento é porque eventualmente não tem verba para o fazer,” mas “não há uma explicação oficial de qual a razão de não terem feito o pagamento.”
A falta de pagamentos não diz respeito apenas aos trabalhadores da unidade da Santa Casa da Misericórdia de Serpa, segundo nos explicou o enfermeiro Celso “o que estamos aqui confrontados é que não temos uma resposta ou informação de quando é que a Santa Casa pensa pagar aos enfermeiros das várias unidades que constituem a Santa Casa, não estamos a falar só no caso de Serpa, estamos a falar de outras unidades, a continuados a ERPIS,” sublinhando que “em todo o universo da Santa Casa o vencimento não foi pago aos enfermeiros e aos outros trabalhadores”.
“Neste momento o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e os enfermeiros, no caso concreto, não estamos confortáveis com isto e, portanto, esperamos que o Senhor Provedor responda e regularize a situação rapidamente, senão iremos discutir com os enfermeiros formas de luta para que o vencimento seja pago.”
Questionado sobre que medidas estão a preparar para que possam ter alguma ação nesse sentido, Celso Silva revela que “nós estamos a ponderar, com os enfermeiros, marcar uma greve, porque estamos a falar de salários, estamos a falar de situações sérias em que as pessoas tem os seus compromissos.”
Em conclusão, Celso refere “estão em cima da mesa formas de luta que passam pela convocação de uma greve de enfermeiros na Santa Casa da Misericórdia de Serpa, em todas as suas unidades.”
A Rádio Campanário tentou obter escalecimentos junto da Santa Casa da Misericórdia de Serpa e, até ao momento, não foi possível.