O “mau cheiro” e os problemas ambientais que o mesmo acarreta para o concelho de Vendas Novas, tem sido motivo de discórdia entre a autarquia e a empresa Extraoils que, segundo o município, é a causadora dos odores que circulam no ar.
Em comunicado, a empresa Extraoils- Oils 4 The Future, sediada em Vendas Novas, refere que a Câmara Municipal no dia de ontem se deslocou à empresa “numa ação de pura prepotência e declarada campanha política” para o “encerramnto do colector de esgoto desta unidade fabril”.
A Extraoils refere que “repudia e denuncia a atitude do executivo, e reitera ser o principal agente interessado dialogar e resolver qualquer problema que seja comprovado”.
Recorde-se que na tarde de ontem o município de Vendas Novas, em reunião de câmara, aprovou a suspensão das descargas da Extraoils através do encerramento do coletor de esgoto que serve a empresa. [ler aqui]
Fique de seguida com o comunicado da empresa Extraoils:
“Numa ação de pura prepotência e declarada campanha política, o presidente da Câmara Municipal de Vendas Novas, deslocou-se ao final do dia de ontem, 2 de setembro, às instalações da Extraoils – Oils 4 The Future para protagonizar o encerramento do coletor de esgoto desta unidade fabril.
“Estávamos no final do dia de trabalho, pouco antes das 19h00, quando um funcionário da nossa fábrica nos informou que técnicos da câmara municipal estavam na unidade para fechar o coletor de esgoto que serve a empresa. Surpreendentemente, e ao contrário do que determina a notificação, os colaboradores detetaram que as casas de banhos ficaram sem água, uma vez que os referidos técnicos, para além de encerrar o coletor do esgoto industrial, vedaram também o afluente do coletor doméstico. Este é um ato de pura ilegalidade cometido pela autarquia”, afirma Pedro Silva, administrador da Extraoils.
Para além, deste facto, diz o administrador com base no relato dos funcionários, “o próprio presidente da autarquia, Luís Dias, passados alguns minutos, deslocou-se acompanhado pela GNR à porta das instalações da unidade para simular o fecho do coletor, que já havia sido encerrado, e tirar fotografias, possivelmente para publicar no site da câmara, no boletim municipal ou nas redes sociais, onde ao início da tarde o único ponto que mereceu destaque da reunião do executivo realizada neste mesmo dia foi a aprovação da suspensão das descargas da Extraoils, através do encerramento do coletor de esgoto que serve a empresa, alegando ser esta a empresa responsável pelos maus cheiros no concelho”.
“Não há outra leitura a fazer a não ser a de que esta é uma pura ação de campanha política. Aliás, nas últimas semanas, o presidente Luís Dias tem-se desdobrado em entrevistas, comunicados e reuniões acusando a nossa empresa de ser o agente poluidor do concelho. O que se tem esquecido de dizer é que esta empresa faz chegar à câmara as análises que manda fazer, quinzenalmente, a uma empresa certificada, como é de lei, e que os resultados das mesmas não coincidem com as que a autarquia por si liderada afirma ter realizado ao longo de meses, mas que nunca deu conhecimento destes factos a esta empresa, nem aos vereadores da oposição, como acabou por assumir na referida reunião camarária”, diz Pedro Silva.
“O presidente também tem sido perentório em afirmar que está do lado dos vendanovenses. Talvez fosse importante perguntar ao responsável máximo do município como é que se está ao lado dos munícipes quando numa atitude de total ilegalidade se deixa esses mesmos munícipes privados de utilizar as casas de banho, que ficaram sem água, ainda mais se tivermos em conta o atual contexto de pandemia”, questiona o administrador, relembrando que 100% dos funcionários da fábrica residem em Vendas Novas.
Desde a sua implementação em Vendas Novas – município que escolheu para laborar devido à localização geográfica, pujança industrial e ao chamado ‘corredor azul’ – que a Extraoils tem tido como missão não só gerar emprego, mas também dinamizar a economia e zelar pela qualidade de vida da comunidade onde está inserida. “Logo que foram detetados os primeiros problemas, esta empresa, que é a primeira entidade a querer arranjar soluções, manteve-se ao lado da autarquia para tentar mitigá-los. A prová-lo está o facto de termos reunido e respondido a todas as solicitações do Sr. presidente que, numa atitude oposta, numa respondeu ao pedido de audiência que emitimos a 30 de julho”.
Para quem tem afirmado que sempre geriu de boa fé este processo, a Extraoils considera que esta atitude, que pode ser comprovada, denuncia o contrário. “O presidente já fez várias afirmações públicas a dizer que, com a Extraoils, está na hora de agir e não de dialogar. Também já disse que existem outras empresas com problemas ambientais, sem referir nomes, e que com essas tem vindo a conversar. A que se deve o tratamento desigual entre investidores? E contradiz-se quando, momentos antes de se tornar protagonista do fecho de um coletor já encerrado, conversou com o nosso consultor e facultou o contacto do técnico que está à frente do processo e da empresa responsável pela auditoria, para que em conjunto se averiguem e resolvam os problemas e as incoerências. Concluímos que o discurso é adaptado em função dos microfones que tem à frente, da plateia ou do número de seguidores nas redes sociais”.
Face a esta situação, a Extraoils repudia e denuncia a atitude do executivo, e reitera ser o principal agente interessado dialogar e resolver qualquer problema que seja comprovado. Como uma empresa cujo conceito assenta na sustentabilidade ambiental e económica, temos por princípio por em prática ações e iniciativas que vão ao encontro do bem estar e necessidades da comunidade onde nos integramos, sem necessidade de populismos, mas também à margem de servir de rampa para campanhas políticas ou de bode expiatório para intervenções públicas, com anos de atraso, como os problemas existentes nas infraestruturas do Parque Industrial de Vendas Novas”.