O Partido Ecologista Os Verdes (PEV) questionou hoje o Governo sobre a possível instalação de dois parques fotovoltaicos e uma unidade de hidrogénio em Portalegre, pela empresa Selenis-Evertis, “sem que as populações residentes sejam informadas ou envolvidas”, avança a Lusa.
Com a pergunta entregue no parlamento, dirigida aos ministérios do Ambiente e da Ação Climática e da Economia e Transição Digital, a deputada Mariana Silva, do PEV, questiona se o Governo tem conhecimento das pretensões da Selenis-Evertis, empresa de produção de produtos de poliéster.
Em caso afirmativo, “desde quando e em que ponto está a pretensão”, pergunta a deputada, inquirindo ainda se a iniciativa integra o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou outro financiamento comunitário na área da energia.
Mariana Silva quer também saber, caso o eventual projeto avance, se o Ministério do Ambiente “tem uma avaliação dos riscos e um plano para acautelar os possíveis danos para as populações que vivem nas proximidades”.
Segundo o grupo parlamentar do PEV, estes projetos podem vir a ser desenvolvidos na Quinta do Bispo e na Quinta dos Frateis, em Portalegre, estando o processo a “avançar sem que as populações residentes na área sejam informadas ou envolvidas”.
A deputada subscritora recorda que o primeiro-ministro, António Costa, visitou a empresa Selenis-Evertis, a 09 de janeiro, mas “nada deu a conhecer sobre o conteúdo e objetivo” da visita.
Os Verdes dizem que, “poucos dias depois”, foram “contactados por moradores, vizinhos da empresa, preocupados com a possível instalação de uma central fotovoltaica de grandes dimensões nas quintas que ladeiam as suas casas” e “sobre a qual não havia, até então, informação oficial”.
No dia 12 de janeiro, uma delegação do PEV deslocou-se ao local, o que “levou o diretor da empresa”, dias mais tarde, “a conceder uma entrevista” a um jornal local.
Nesta entrevista, o responsável “confirma as intenções” da empresa de instalar “dois parques fotovoltaicos, um deles ‘já em construção’, mas também, a intenção de construir uma unidade de hidrogénio para autoconsumo”, alegam Os Verdes.
No comunicado enviado à agência Lusa, o PEV disse que a presidente da Câmara de Portalegre, Fermelinda Carvalho, foi questionada sobre o assunto, na mais recente reunião da assembleia municipal, no dia 25 de fevereiro, e “respondeu que não tinha conhecimento do referido projeto”, nem tinha “dado entrada” qualquer “informação ou pedido de parecer na autarquia”.
Para Os Verdes, “a pretensão da empresa Selenis-Evertis garantir o seu autoconsumo energético, por via de fontes renováveis”, até pode ser “louvável”, mas “não pode ser feita a qualquer custo”.
Contactada hoje pela Lusa, a autarca Fermelinda Carvalho remeteu “para mais tarde” esclarecimentos sobre este caso.
C/ Lusa
