O líder do CHEGA, André Ventura, esteve hoje em Vila Viçosa para um jantar com os candidatos deste partido pelo círculo eleitoral de Évora às próximas legislativas de 30 de janeiro assim como com militantes e simpatizantes.
A Rádio Campanário esteve presente e falou com André Ventura, que, questionado sobre qual era a sua espectativas em relação ao Alentejo, tendo em conta os resultados das últimas eleições autárquicas e presidenciais, nos começou por referir que “se nós olharmos para as eleições presidenciais, houve zonas no Alentejo onde nós tivemos 30 e tal 40%,” mas “isso depois não foi transferido diretamente para as eleições autárquicas, exceto num ou dois concelhos, incluindo onde eu fui candidato em Moura, onde tivemos 25% na Assembleia Municipal e 15% na Câmara.”
Mesmo assim “em muitos concelhos houve uma descida significativa, e portanto, isso tem que ser analisado também, não é só dizermos correu tudo bem, que não correu.”
Segundo o líder do CHEGA, “o objetivo agora é recuperar das autárquicas para as presidenciais e, portanto, conseguimo-nos situar na margem entre as autárquicas e as presidenciais, que eu acho que é razoavelmente um objetivo positivo para o CHEGA.” Acrescentou referindo que “se conseguirmos superar as presidenciais melhor ainda, e aí chegaremos próximo dos tais 15% que eu tinha referido.”
No que diz respeito às legislativas André Ventura aponta que com base nas sondagens internas e externas do partido “no Alentejo e no Algarve estão as percentagens de voto mais elevadas do país da parte do CHEGA, mas isto não corresponde depois a eleições diretas de deputados, devido ao baixo número de deputados que se elegem no Alentejo.”
As ambições do partido são “nos círculos onde há três deputados, de roubar um deputado à CDU” que se “conseguirmos é ser inéditos na historia da democracia, mas é possível.”
“Houve freguesias, por exemplo no distrito de Beja, onde eu ganhei a Marcelo Rebelo de Sousa nas presidenciais, noutros estive muito perto, e, portanto, é possível que isso aconteça no Alentejo, mas é como digo, temos que esperar por domingo,” destaca André Ventura.
“Dar voz ao Alentejo implica, e para nós seria muito positivo, eleger pelo menos um deputado nos três grandes distritos, ou Portalegre ou Beja ou Évora, para que o Alentejo possa ser uma voz independente e não uma voz dos diretórios do partido socialista ou do PSD,” rematou o líder do CHEGA.
Em declarações à imprensa André Ventura falou ainda sobre as sondagens mais recentes que apontam um empate entre três forças politicas, sendo uma delas o CHEGA.
“Nós temos objetivo de ficar em terceiro lugar. As sondagens que hoje são divulgadas, na sua maioria, colocam-nos em terceiro lugar empatados com outras forças. Derrota é não ficar em terceiro lugar tal como eu tinha dito. Agora estamos em campanha, portanto há uma disputa no terreno acesa,” o que “é positivo para a democracia” sublinhando “estamos convencidos que vamos consolidar o terceiro lugar no domingo.” De acordo com André Ventura, “queremos consolidar o terceiro lugar para ser o pilar desse governo que é preciso à direita.”
Questionado se na sua opinião estaria a perder votos para o PSD, André Ventura referiu “não creio que isso tenha acontecido, vamos ver no domingo, nós temos a humildade de reconhecer o voto das pessoas.
Para o líder do CHEGA, o mais “importante e preocupante nestas sondagens que hoje conhecemos, é a distância maior que existe entre a esquerda e a direita” destacando que “isso é algo que nos cabe a nós todos conseguir inverter, para conseguirmos um governo de direita. Eu diria que acima de disputas de terceiro lugar está a possibilidade de termos uma maioria à direita e, portanto, que todos nos concentremos entre hoje e amanha em conseguir essa maioria absoluta à direita.”
No que diz respeito às coligações entre partidos, André Ventura aponta que “creio que é mostrar que há identidades diferentes, mas que são capazes de formar uma maioria e por isso é que nós temos falado numa maioria diferente daquela que foi o PSD/CDS em 2011/2015”.
A maioria a que o líder do CHEGA se refere “é uma maioria em que não há uma aglomeração do PSD a outro partido, mas que há de vários partidos com várias identidades, criam propostas diferentes e todos aceitam as propostas uns dos outros, porque senão acontece o fenómeno que está a acontecer com o CDS. O CDS se hoje está com estes valores é porque foi aglomerado e agregado, foi comido verdadeiramente pelo PSD, e é isso que não pode acontecer.”
André Ventura defende que “os partidos têm que ter identidade, e essa especificidade. Esta maioria a ser possível no dia 31, não será uma maioria como foi a maioria 2011/2015, será uma maioria de partidos diferentes. O CHEGA nunca aceitará fazer parte de uma maioria que seja uma maioria homogénea, será sempre uma maioria diferenciada.”
Questionado sobre se tinha medo de ficar isolado dos outros partidos, o líder do CHEGA diz que “um líder político e um partido nunca temem ficar isolados, respeitam o voto que os portugueses lhes dão. Se os portugueses me derem 2% ou 3% podem ter a certeza que eu nesse dia estarei a reconhecer que falhou. Se nos derem acima dos 7% , eu acho que os outros é que tem que ler os resultados e não somos nós, porque toda a campanha foi isto, com o CHEGA não, com o CHEGA não, com o CHEGA não. Se os eleitores chegarem ao domingo e disserem CHEGA sim, acima dos 7%, então eu acho que os outros é que tem que ler os resultados, acho que a democracia tem que ser assim que funciona.” André Ventura destaca que “nós fazemos as nossas propostas, apresentamos aos eleitores, os eleitores depois escolhem. Não somos nós que nos sobrepomos à população, é a população que se sobrepõem aos partidos.”
Sobre uma maioria à direita, e sobre o facto dessa maioria já ter referido que não quer entendimentos, o líder do CHEGA referiu que “ele sabe que a maioria de direita, sendo inevitável só com um partido, tem que acontecer quer os outros queiram quer não queiram” destacando que “a única solução que há, se o líder dessa maioria à direita não aceitar fazer isso, é ele sair e dar lugar a outro,” assim “como acontecerá se António Costa perder e houver uma maioria de esquerda, provavelmente haverá um novo líder no partido socialista, portanto aí o ónus não é nosso.”
“Nós apresentámo-nos aos eleitores e dissemos, vamos construir esta maioria. Todos os outros disseram, por favor não deem o voto àqueles senhores. Mas as pessoas saíram de casa e deram. Nós pedimos o voto e conseguimos, portanto, nós estamos do lado da democracia, os outros dizem, com eles não, têm que sair e dar lugar a outros que digam com eles sim, ou então não, ficamos todos felizes a ver António Costa mais 4 anos a governar,” rematou André Ventura.
Caso não alcance os 7% e se mantenha pelos 6% que apontam as sondagens, o líder do partido refere que “estabeleci desde o inicio uma meta acima dos 7%, portanto não é agora que vou mudar essa meta porque as sondagens colocam nos 6%. Acho que seria voltar atrás. Acredito ter muito mais do que 6%, se for abaixo dos 7% é uma derrota para o CHEGA.”
Questionado sobre se vai tirar pessoas da liderança do partido se ficar abaixo dos 7%, André Ventura refere “não acho que seja para isso,” destacando que “nós tivemos eleições diretas há pouco tempo, não creio que seja uma análise interna que seja importante. Penso que independentemente do que aconteça, os resultados serão muito superiores aos que tivemos, vamos crescer a 500%, 600%, 700% ou 1000%, não acho que seja momento de criar instabilidade agora, temos que nos concentrar no Governo, na possibilidade de ter um Governo alternativo, e acho que no dia 31 temos que começar todos já a pensar nisso.”