Em Portugal, o Alentejo tem sido o grande guardião dos vinhos de talha.
Esta região soube preservar este processo de vinificação desenvolvido pelos romanos.
A técnica vai passando de geração em geração, apesar da introdução de novas técnicas, resultante do crescente interesse dos produtores alentejanos pelos vinhos de talha e a instalação destas vasilhas de barro em algumas modernas adegas, levou à introdução no processo de algumas técnicas e equipamentos que visam facilitar o trabalho sem adulterar a essência da vinificação em talha.
Apesar da modernização o vinho de talha mantém-se como um produto único, sublime representante da milenar cultura do vinho no Alentejo e há muitas formas de ofazer.
A maneira mais clássica de elaboração do vinho de talha, tal como o ilustre agrónomo António Augusto de Aguiar deixou registado em 1876, não passa por prensa nem lagares fechados, servindo muitas vezes o próprio pavimento das adegas para a pisa e esmagamento da uva. As adegas, muitas vezes com arcos altos, têm janelas grandes por onde a uva é descarregada diretamente para o pavimento que é lajeado e esconso para o centro de forma a que o mosto siga, deslizando, para uma cisterna ou talha enterrada.
Apesar de ser um vinho do passado, este néctar dos deuses apresenta-se com um futuro promissor. De acordo com a Comissão Vitivinícola da região Alentejana, o ano de 2022 ainda não acabou, masjá se apurou que, até outubro, já foi exportado Vinho de Talha – DOC Alentejo em quantidade superior à de todo o ano de 2021, superando, até, o maior volume registado desde 2015.
Japão, Brasil e EUA foram os principais destinos responsáveis por este recorde, contabilizando, até outubro, um total de 9 mil litros de vinho exportado, o que corresponde a 12 216 garrafas de 75 cl, e resulta num aumento de 15% face a todo o ano de 2021.
Para garantir que este vinho e toda a sua história vão permanecer bem vincados no tempo, 22 municípios alentejanos- Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Arronches, Borba, Beja, Campo Maior, Cuba, Elvas, Estremoz, Évora, Ferreira do Alentejo, Marvão, Mora, Moura, Mourão, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Santiago do Cacém, Serpa, Viana do Alentejo e Vidigueira, estão agora unidos para promover esta técnica e através do vinho, potenciarem os seus territórios, através da criação da nova Rota do vinho da Talha.
O vinho de talha é hoje muito mais do que um vinho, é história e tradição do Alentejo.