De acordo com informações do Site Essenciais, mais de 50 camiões-cisterna carregados de vinho a granel chegam diariamente de Espanha a Portugal, transportando cerca de 1 milhão de litros por dia útil. Este volume significativo de vinho espanhol levanta questões sobre o seu destino e utilização em território nacional.
Em primeiro lugar, em várias regiões demarcadas, é permitido adicionar até 15% de vinho de outras origens à produção própria, classificada como Denominação de Origem (DO) ou Indicação Geográfica (IG). Esta prática permitia que o vinho espanhol fosse misturado com o vinho português, muitas vezes resultando numa diminuição do preço médio do produto final. No entanto, há dúvidas sobre se o limite de 15% era sempre respeitado, dado que a criatividade neste sector não tem limites.
Em segundo lugar, a maior parte deste vinho espanhol é embalado em Portugal como produto não certificado, mas comercializado sob marcas portuguesas. Na maioria dos casos, é vendido como se fosse de origem nacional, e em poucos casos é identificado como proveniente da União Europeia. Este vinho, de baixo custo, mas com margens lucrativas, está amplamente disponível em supermercados e restaurantes, muitas vezes oferecido como “vinho da casa”. Alguns dos produtores que realizam esta prática são investimentos recentes, apoiados por subsídios comunitários e com operações financiadas pela banca.
Nenhum destes vinhos é comercializado diretamente ao consumidor com a indicação de que a sua origem é espanhola, o que levanta questões sobre a transparência e autenticidade na comercialização do vinho em Portugal.