Segundo o Esquerda.net, lembrar a reforma agrária pelo testemunho de alguns dos seus protagonistas que ainda hoje resistem, de que são exemplos as cooperativas “Seara de Vento”, de Albernoa, e “Monte Coito”, de Ourique, é o objetivo desta visita guiada, que se vai realizar no próximo dia 15 de abril.
A reforma agrária, que ocorreu no período subsequente a abril de 1974, por iniciativa dos assalariados rurais dos campos do Sul, configurou uma revolução dentro de uma revolução mais geral vivida pelo país neste período. Na sua concretização e desenvolvimento, com o enquadramento de uma arquitetura legislativa elaborada pelo IV Governo Provisório, que legalizou a situação edificada no terreno, os trabalhadores rurais fizeram seus mais de 1 milhão e meio de hectares de terra que exploraram de forma coletiva sob a forma de cooperativas e UCPs (Unidades Coletivas de Produção), na esperança de com isso poderem vir a ter uma vida melhor.
Pela ação dos vários governos que se formaram a partir de 1976, a reforma agrária passou a ser alvo de um ataque sistemático comandado por uma contra revolução legislativa aplicada pela força, através da GNR, ofensiva que foi desarticulando a conquista da terra feita pelos trabalhadores, apesar da resistência destes.
De mais de 1 milhão e meio de hectares de terra, integrando UCPs e cooperativas, dando emprego, em 1976, a 71 776 assalariados rurais (46 257 homens e 25 529 mulheres) passou-se, em 10 anos (1975/76 a 1985/86), para 360 000 hectares controlados pelos trabalhadores, área que, com o decorrer dos anos, foi diminuindo até ser meramente residual.
Lembrar a reforma agrária pelo testemunho de alguns dos seus protagonistas que ainda hoje resistem, de que são exemplos as cooperativas “Seara de Vento”, de Albernoa, e “Monte Coito”, de Ourique, é, pois, o objetivo desta visita guiada.
Visita Guiada ao Alentejo da Reforma Agrária onde os assalariados rurais foram derrotados com a devolução das terras aos grandes proprietários, mas que foram vencedores no plano da vida social e da cidadania com a destruição da ordem latifundista, como sublinha o Professor Fernando Oliveira Baptista. “A democracia só consolidou o que a reforma tinha conquistado”.
O programa da iniciativa é o seguinte:
10.00h – PONTO DE ENCONTRO: Junto à Casa da Cultura de Beja (Rua de Luiz de Camões 6)
10.15h – Partida para Albernoa.
10.35h – Chegada a Albernoa. Visita ao equipamento que resta da União de Cooperativas de Albernoa e que hoje é utilizado pela “Cooperativa Seara de Vento”.
Nota: Neste espaço haverá duas intervenções: Uma que fará um breve historial das cooperativas agrícolas de Albernoa e da sua especificidade no contexto geral das Novas Unidades de Produção da Reforma Agrária e outra a cargo do dirigente da “Cooperativa Seara de Vento”, José Mariano Rafael, que falará do que hoje resta da reforma agrária em Albernoa.
11.35h – Partida para Ourique.
12.15h – Chegada a Ourique, à “Cooperativa do Monte Coito”.
Antes do Almoço, o presidente da Cooperativa, José David, fará uma intervenção sobre a realidade hoje das cooperativas agrícolas no Baixo Alentejo.
13.00h – Almoço oferecido pela “Cooperativa do Monte Coito”.
O almoço conta com a presença do Grupo Coral “Os Ganhões”, de Castro Verde, que interpretam um conjunto de “modas de Abril”.
15.30h – Partida para Beja
16.15h – Chegada a Beja, à Biblioteca Municipal e início da visita à exposição “Campos do Sul, Memória de uma Revolução, Transformações Económicas e Sociais, 1974-1975”.
(Atividade em parceria com a Biblioteca Municipal de Beja José Saramago)
16.45h – Auditório da Biblioteca Municipal de Beja – Mesa Redonda sobre a “Questão da Terra na Revolução de Abril”.
18.00h – Encerramento da visita
Valor da inscrição: 10 euros
Inclui almoço e visita à exposição.
A participação na visita está sujeita a inscrição e só será validada após pagamento.
Pode enviar desde já por MbWay (identificando com o nome) para o 962 682 251 ou, por transferência bancária para Nib 0036 0052 9910 0304 8654 3 (indicar o nome da pessoa inscrita).
Existe um número máximo de 40 participantes.
Foto: Correio Alentejo
Fonte: Esquerda.net