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Quinta-feira, Setembro 19, 2024

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“Viver com o sistema natural”: Herdade do Freixo do Meio um exemplo de sustentabilidade.

A Herdade do Freixo do Meio, situada na fronteira geológica entre o Alto Alentejo e o Ribatejo, junto à aldeia de Foros de Vale de Figueira, tem uma longa história de presença humana, com vestígios que remontam ao período neolítico.

Na entrevista, Alfredo Sendim partilhou a visão que tem sobre o Freixo do Meio. Para ele, a herdade representa muito mais do que um projeto humano. “O Freixo do Meio é, antes de tudo, parte deste planeta, com uma história tão antiga quanto o próprio sistema natural,” afirmou. Destacou como a monocultura, uma prática que a sua família adotou ao longo das gerações, trouxe inicialmente uma falsa sensação de prosperidade, mas rapidamente se revelou insustentável a nível social, económico e ambiental.

Após três anos a aplicar este modelo, Alfredo Sendim e a sua mãe perceberam que era necessário procurar alternativas. Foi então que encontraram no montado a inspiração para um novo caminho. O montado, que surgiu como uma resposta à monocultura praticada desde o Neolítico e pelos Romanos, propõe um sistema onde a coexistência com o ecossistema é prioritária. “A nossa abordagem é baseada na ideia de viver com o sistema natural, recolhendo o que ele nos dá, em vez de impormos uma exploração unilateral,” explicou Alfredo.

Atualmente, o Freixo do Meio é uma referência em agrofloresta, com um sistema complexo e resiliente, onde a árvore desempenha um papel central no equilíbrio entre os seres vivos e o solo. “Sem as árvores, o solo perde-se. Elas são essenciais para alimentar o ciclo da vida,” sublinhou. O projeto é visto como um exemplo de como a produção agrícola pode coexistir com a preservação ambiental, proporcionando, ao mesmo tempo, emprego e uma economia sustentável.

A Herdade conta com 60 trabalhadores, mas Alfredo defende que, para um espaço de 600 hectares, seria necessário ter muito mais pessoas envolvidas. “O intensivo não dá trabalho a ninguém. É fundamental integrar os humanos no sistema, de forma ética e respeitosa,” afirmou.

Ao longo dos anos, o Freixo do Meio tem colaborado com diversas universidades e projetos de investigação, como o desenvolvimento de produtos à base de bolota ou o estudo de agroflorestas de sucessão dinâmica. Alfredo vê a candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura como uma oportunidade para ampliar esta visão e sensibilizar a sociedade para a importância de um sistema agroecológico equilibrado.

“A Capital Europeia da Cultura é um catalisador. Vemos nela uma grande oportunidade para mexer no tecido social e cultural e promover uma maior consciência sobre a relação entre o homem e a natureza,” concluiu Alfredo Cunhal Sendim.

Foto: Jornal de Negócios

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